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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2015 Dani Collins

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Votos de vingança, n.º 1672 - Março 2016

Título original: Vows of Revenge

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7720-7

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Crescera rodeada de ricos e de cínicos de sangue-frio, portanto, Melodie Parnell não era tão ingénua como parecia. Tentava dar uma imagem sofisticada, alisando o cabelo castanho, que era encaracolado, maquilhando os olhos azuis e usando batom vermelho, e costumava vestir-se de maneira clássica e profissional: saias de tubo, conjuntos de camisola e casaco e as pérolas da mãe.

Ao mesmo tempo, costumava oferecer a todos o benefício da dúvida. Tentava pensar bem dos outros e ver sempre a parte mais positiva de todas as situações.

Com aquela atitude, só conseguira ganhar o desdém do meio-irmão e, em mais de uma ocasião, o interesse de arrivistas e caçadoras de fortunas que, através dela, tinham querido aproximar-se dos homens da sua família. A bondade fora, sem dúvida, a perdição da mãe. Contudo, Melodie costumava certificar-se de que não era tão frágil nem vulnerável. O facto de ter perdido a mãe recentemente e de estar num estado de constante melancolia não a tornava mais frágil.

No entanto, Roman Killian acabara de a desestabilizar ao abrir-lhe a porta da sua mansão.

– Deve ser a indispensável Melodie – cumprimentou-a.

Melodie devia ser imune aos homens bem vestidos, mas sentiu a boca seca e as pernas tremeram ao ver aquele. Não usava um fato, mas um casaco de linho, umas calças pretas e uma camisa sem colarinho e com os três primeiros botões desabotoados.

Embora não fosse a roupa a impressioná-la, mas o homem.

Tinha o cabelo escuro e ondulado, a pele morena e uma estrutura óssea bonita. Questionou-se se seria italiano, espanhol ou talvez grego. Em todo o caso, parecia pertencer à aristocracia, embora Melodie soubesse que era um americano que começara do zero. Tinha as sobrancelhas retas, circunspetas, e os olhos verdes, com um anel escuro à volta da íris. Acabara de se barbear e o seu aspeto era urbano e muito masculino.

Olhou para ela nos olhos tão diretamente que Melodie sentiu falta de ar.

– Roman Killian – apresentou-se, estendendo-lhe a mão e tirando-a dos seus pensamentos.

Tinha a voz escura como o chocolate e como o vinho tinto, rica e sensual, mas no seu tom havia menosprezo.

– Melodie… – conseguiu responder.

Fixou o olhar na boca dela enquanto lhe apertava a mão. O lábio superior era muito mais fino do que o inferior. Sorriu como os homens sorriam quando estavam à frente de uma mulher que não consideravam especialmente atraente, mas com quem eram obrigados a ser educados. Com frieza e desprezo.

Melodie não se sentiu ofendida. Estava sempre pronta para ser rejeitada e surpreendia-se quando isso não ocorria. E não porque era feia. Para além das pérolas, herdara a figura de modelo e as feições delicadas da mãe, o que era muito bom para se dedicar a modelar, mas era demasiado magra para a vida real.

Portanto, a indiferença de Roman não a surpreendeu, mas sentiu calor na barriga e as pernas tremeram.

Não tinha razão para estar nervosa. Não costumava estar.

No entanto, teve de fazer um esforço para respirar com normalidade e apercebeu-se de que devia afastar a mão da dele, mas, quando tentou, Roman não o permitiu.

– Já nos conhecíamos – observou, num tom quase de acusação.

– Não – assegurou ela, com o coração acelerado.

Fixava sempre as caras e os homens, mesmo quando se tratava de pessoas muito menos importantes do que ele. E Roman era demasiado jovem para se lembrar da mãe e não parecia ser dos que folheavam revistas de moda. Supôs que podia tê-la visto alguma vez com o pai, mas preferiu não falar dele, portanto, limitou-se a dizer:

– Tenho a certeza de que não nos conhecemos.

A julgar pela expressão dele, Roman não acreditou.

– Onde estão Ingrid e Huxley? – perguntou, olhando para onde estava o táxi em que chegara.

– Não demorarão a vir.

Voltou a fixar o olhar no rosto dela e isso fez com que Melodie voltasse a tremer por dentro. Depois, soltou-lhe a mão muito devagar e fez-lhe um gesto para que entrasse.

– Entre.

– Obrigada – murmurou ela, completamente perturbada.

Era tão masculino, tão seguro de si próprio e tão distante. O pouco que sabia dele era que começara com um software e que, naquele momento, oferecia soluções globais de todo o tipo. Não o investigara, mas confiara no que Ingrid lhe dissera dele. Tivera medo de encontrar o meio-irmão e que se indagasse demasiado.

Porém, o facto de ser a concorrência de Anton fizera com que se predispusesse para gostar dele. Além disso, segundo parecia, Roman também tinha um toque de magnanimidade, apoiava organizações de pessoas sem lar ou doentes, entre outras, e doava computadores a bibliotecas. E oferecera a sua casa do sul de França a uma das empregadas para celebrar o seu casamento lá. Portanto, certamente, por trás daquele aspeto de predador, havia um coração enorme.

– Não pensei que um perito em segurança teria uma casa tão acolhedora – admitiu Melodie. – Imaginava algo muito mais contemporâneo, feito de vidro e aço inoxidável.

Dos altos tetos pendiam lustres e, na entrada, havia uma escada larga com os corrimões de aço inoxidável. O chão amarelo, de mármore, estava coberto por um tapete vermelho. Do outro lado da entrada havia um salão enorme com um sofá em forma de ferradura, cor de terracota, em que deviam caber cerca de vinte pessoas.

Receberia muitos convidados? Melodie não soube porquê, mas teve a sensação de que era um homem que preferia reservar todos aqueles confortos só para ele.

– O tipo de coisas que as pessoas costumam querer proteger é, com frequência, atraente. Joias. Arte – comentou Roman, encolhendo os ombros. – A segurança e os alarmes também permitem desenhos agradáveis.

– Estão a filmar-nos neste momento? – perguntou Melodie.

– As câmaras só se ativam quando o alarme toca.

Nesse caso, só ele a observava. Embora isso bastasse para a deixar nervosa.

À direita, havia uma sala de jantar que os empregados talvez pudessem utilizar, já que os quatrocentos convidados do casamento comeriam lá fora, em tendas. A propriedade tinha espaço suficiente para a cerimónia, as tendas, um grupo de música e uma pista de dança. A casa estava orientada para o Mediterrâneo e, no jardim, havia uma piscina quadrada e meia dúzia de degraus que levavam à praia. À direita da piscina, havia um helicóptero. Sem ele, o espaço seria perfeito para a cerimónia e a receção.

Melodie crescera rodeada de luxos, mas nada comparado com aquilo. Roman Killian era um homem muito rico. E ela estava muito surpreendida.

Fixou o olhar na buganvília que subia pelas colunas, também havia jarras com rosas, gerânios e outras flores que Melodie não reconheceu. Cheirava a anis, a flores e a mel e o ambiente era quase mágico.

– É tudo tão bonito… – murmurou, tentando não se imaginar como uma noiva, a descer as escadas vestida de renda branca.

Olhou para Roman nos olhos e apercebeu-se de que a observava como se pudesse ler-lhe o pensamento. Corou e desviou o olhar.

– Foi muito generoso por oferecer a casa – conseguiu dizer.

– Ingrid é uma trabalhadora excecional – declarou, depois de um momento, fazendo com que Melodie pensasse que escondia alguma coisa. – Porque não vieram juntos? Não se alojam no mesmo hotel?

– Eles acabaram de ficar noivos – comentou Melodie. – E sinto que estou a mais desde que nos encontrámos no aeroporto.

Só tinham passado quatro dias.

– Ossos do ofício? – perguntou ele.

Melodie sorriu.

– Mais ou menos – concedeu.

Aquele era apenas o seu segundo casamento e o primeiro de um casal da alta sociedade internacional. A sua empresa era tão nova que ainda não lhe tirara a etiqueta, mas Roman não tinha de saber. Organizara jantares de estado com os olhos fechados e aquele era o tipo de trabalho com que podia ganhar a vida.

– Há quanto tempo vive aqui? – perguntou, com curiosidade.

Ele mudou de atitude e foi como se recuasse e se fechasse em copas.

– Desde o ano passado. O que mais posso mostrar-lhe? A cozinha?

– Sim, obrigada – agradeceu, surpreendida com a mudança.

Ele levou-a até à parte traseira da casa, onde lhe apresentou o seu cozinheiro, um francês pouco amigável, com quem falou de alguns detalhes do banquete enquanto Roman os observava.

 

 

Roman sentiu que o telemóvel vibrava e esperou que fosse a confirmação de que o resto dos seus convidados chegara, mas olhou para o ecrã e apercebeu-se de que era um aviso de segurança.

Dado que aquele era o seu trabalho, levou-o a sério. Além disso, não estava sozinho. Aquela mulher magra, que entrara na sua casa como um jogo de luzes e sombras, fascinava-o. Estava convencido de que não era a primeira vez que a via, mas tivera a sensação de que não lhe mentia quando lhe dissera que era a primeira vez que se viam.

Roman tinha um sexto sentido para as mentiras e nunca se enganava.

Portanto, apesar de saber que devia aproximar-se do painel que havia na parede para tratar do alerta, ficou com aquela organizadora de casamentos e continuou a observá-la de perto, em parte, porque gostava de como a camisa se ajustava às costas. Tinha as curvas e os ângulos onde devia tê-los. E, além disso, gostava de ouvir a voz dela. Não tinha o sotaque americano forte, do sul, mas um sotaque doce e meloso. Encantador.

A atitude dela confundia-o. Estava habituado a ver as mulheres a demonstrar abertamente que se sentiam atraídas por ele. Não era tão arrogante para pensar que todas gostavam dele, mas fazia exercício, usava roupa feita à medida e era rico, qualidades que costumavam atrair o sexo oposto. Aquela mulher parecia nervosa, olhava para ele de esguelha e tocava no cabelo. Era evidente que se sentia atraída por ele, mas tentava escondê-lo.

Não usava aliança, mas talvez estivesse a sair com alguém. Se não, a sua timidez sugeria que preferia as relações lentas, complicadas e que não ia para a cama com nenhum homem só por diversão. Uma pena, porque aquela era uma qualidade que ele costumava apreciar nas mulheres.

Roman estava habituado a manter as suas emoções afastadas, mas não pôde evitar sentir-se dececionado. Sentia-se atraído por ela, mas aquilo não ia a lado nenhum. Que pena.

Melodie vira-o a olhar para o relógio e sorriu com timidez.

– Talvez não devesse ter deixado que o feliz casal ficasse sozinho. Estão atrasados, não estão?

– Não é próprio de Ingrid – admitiu ele.

Se não, não teria sido a sua assistente pessoal. Roman não era um tirano, mas não tolerava os descuidos.

Ao mesmo tempo, não se importava de ter Melodie só para ele durante mais alguns instantes.

– Talvez possa mostrar-me onde a noiva vai vestir-se – sugeriu ela, tirando o telemóvel. – Seria bom se pudesse tirar alguma fotografia. Os preparativos da noiva e a sua chegada até ao lugar onde o noivo a espera são sempre uma parte importante do dia.

– A sério? – perguntou ele, com desdém.

Roman vivera precariamente durante tanto tempo que pensava que as cerimónias extravagantes não tinham nenhum sentido. Desde que tinha dinheiro, pagava sempre para conseguir o melhor, mas pensava que davam demasiada importância aos casamentos. Apreciava Ingrid como empregada, mas a verdade era que lhe oferecera a sua casa por razões comerciais.

– Suponho que não é um romântico – observou Melodie. – Ou arrepende-se de ter permitido que invadam o seu espaço pessoal?

«Ambas as coisas», admitiu ele, em silêncio, percebendo que aquela mulher era muito inteligente.

Ou isso ou sintonizava bem com ele, o que era ainda mais perturbador.

– Sou um realista empedernido – indicou, fazendo-lhe um gesto para que saísse da cozinha e subisse as escadas que levavam até uma zona de sala de jantar próxima. – E a menina?

– Sou uma otimista incurável – confessou Melodie. – Ah, que quarto tão bonito!

Era a segunda vez que Melodie o fazia perceber que escolhera muito bem a decoração da casa. Uma parte dele quisera decidir-se pelo vidro e o aço inoxidável, como aquela mulher esperara, mas como crescera num centro de menores e em várias casas que não tinham sido dele, preferira decorar a casa de maneira a senti-la como um lar. Também era um lugar que poderia vender, no caso de a sua sorte mudar e ter de se desfazer dele. O que não ia acontecer, mas Roman era dos que tinham sempre um plano «B» e um plano «C».

Portanto, apesar de tomar o pequeno-almoço ali todas as manhãs, não desfrutava tanto da sala nem da vista para os campos de limoeiros como Melodie. Pedira ao arquiteto para a luz da manhã entrar pela janela e também pelas portas duplas que davam para o terraço que rodeava a casa. Ainda que, por ele, pudesse chover todos os dias.

– Uma vez, encontrei um bolinho da sorte com uma mensagem que dizia que fosse sempre otimista, já que era a única coisa que importava.

O seu comentário apanhou-o de surpresa. Fez uma careta e disse, num tom irónico:

– Em todas essas mensagens devia ler-se que está prestes a comer uma bolacha seca e sem nenhum sabor.

– Não… – murmurou ela, franzindo o sobrolho de maneira trocista. – Tenho medo de lhe perguntar o que pensa dos casamentos, se é isso que pensa dos bolinhos da sorte.

Pestanejou e Roman pensou que estava a tentar namoriscar com ele.

Era o momento de a fazer saber que, se seguisse esse caminho, seria para se divertir a curto prazo, não para encontrar um compromisso.

– Para mim, a cerimónia é um texto bastante elaborado em que se fala do futuro, mas que não tem nenhum impacto no que vai acontecer realmente.

Ela deixou cair os ombros, consternada.

– Que deprimente – comentou. – Os casamentos são a celebração da felicidade que se obteve até então e a promessa de um final ainda mais feliz.

– É isso que promete? Eu diria que está a aproveitar-se dos ingénuos.

– Pensa que as pessoas que se apaixonam e fazem planos de partilhar as suas vidas são uns incautos? Exatamente o contrário, não perderam a esperança – defendeu-se Melodie, erguendo o queixo.

– A esperança de quê? – inquiriu ele, desfrutando daquela troca de opiniões.

– De qualquer coisa. Até onde teria chegado com a sua empresa se não fosse muito mais do que realista? Se tivesse esperado menos? – perguntou ela, sorrindo, enquanto entrava numa sala privada. – Vê? Estou convencida de que consigo convertê-lo ao otimismo.

– Não sou fácil de manipular – avisou Roman –, mas, está bem, tente.