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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2012 Katherine Garbera

© 2015 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Indiscrições amorosas, n.º 47 - Novembro 2015

Título original: A Case of Kiss and Tell

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7488-6

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Capítulo Catorze

Capítulo Quinze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Conner Macafee estava acostumado a que os jornalistas andassem sempre a incomodar a sua família. O seu tio-avô fora o homem de confiança de John F. Kennedy, e a sua família era considerada o equivalente à realeza do país, tanto na política como nos negócios.

Mas Nichole Reynolds, jornalista da secção de sociedade no jornal nacional America Today, fazia o seu trabalho de um modo bem diferente. Entrara à socapa na festa que a sua família organizara para celebrar o Quatro de julho em Bridgehampton, fazendo o possível para não dar nas vistas, mas não conseguira. Além do mais, sabia por que motivo Nichole estava ali: porque ele recusara os seus pedidos de entrevista, tanto os da jornalista como os dos seus chefes. Sabia que era amiga de Willow Stead, a produtora de Sexy and Single, o programa de televisão patrocinado pela sua empresa, Matchmakers Inc. Estando como estava o programa em antena, Nichole queria escrever uma série de artigos sobre o serviço de procura de companheiro que a sua avó fundara. Mas não confiava em jornalistas e nunca dava entrevistas. Para isso nomeara um diretor de marketing.

– Quem é, Conner? – perguntou-lhe a sua mãe, Ruthann Macafee.

– A quem te referes, mãe? – perguntou-lhe, afastando o olhar de Nichole. Olhava-a constantemente só para controlá-la, mais nada. Nem o impressionante cabelo ruivo, que lhe caía em ondas pelos ombros, nem o incrível vestido branco justo suscitavam o seu interesse.

– A mulher para quem estás a olhar estupefacto. Não a conheço, de modo que calculo que não pertença ao nosso círculo.

A sua mãe tinha sessenta e cinco anos, mas parecia ser quinze anos mais jovem, graças ao estilo de vida que levava. Jogava ténis e organizava eventos de beneficência. Inclusive quando um acidente de avião tirou a vida ao seu pai e deixou a descoberto um escândalo que teria destroçado outras mulheres, ela enfrentou tudo com o seu modo de ser forte e discreto.

– Nichole Reynolds, uma jornalista – informou-a.

– Ai, meu Deus. Pergunto-me o que fará aqui.

Conner passou-lhe um braço pelos ombros.

– Aquele programa de TV no qual estou a participar... quer entrevistar-me por causa disso.

– A sério? E vais dar-lha? É de péssimo gosto falar da vida privada das pessoas.

– Tenho consciência disso – respondeu Conner, beijando-a na testa. – Acho que o melhor será que nos livremos dela antes que nos possa comprometer.

– Boa ideia. Peço ao Darren que a acompanhe à saída? É verdade, como conseguiu entrar?

– Não há por que incomodar o chefe de segurança com algo assim – respondeu. Ele lidava com mulheres daquele tipo desde os catorze anos. – Certamente veio acompanhar alguém.

– No próximo ano tratarei de que os convites sejam mais restritos – respondeu a sua mãe. – Não quero que venham mais da laia dela.

– Da laia de quem? – perguntou Jane, a sua irmã, que acabava de chegar junto deles.

Jane era uma mulher elegante e moderna que tinha o seu próprio programa de televisão de cozinha e de tendências. Não evitava os meios de comunicação como ele e a sua mãe, mas era porque ela mal sofrera o golpe da infidelidade do seu pai.

– De uma jornalista.

– O açoite de Deus – brincou Jane, piscando-lhe um olho. – Onde está? Já trato dela.

– Eu faço isso – interveio Conner, tentando cortar a conversa pela raiz.

– Quem é?

– A ruiva – respondeu a sua mãe.

– Ah... estou a ver por que queres ser tu. Por causa dela, maninho.

– Mamã, acho que esta menina precisou de mais disciplina quando era pequena.

– É perfeita – respondeu a sua mãe, depois de Jane deitar a língua de fora ao seu irmão.

Abanando a cabeça, afastou-se de ambas e foi abrindo caminho entre os convidados da festa.

Ela olhou para ele ao vê-lo aproximar-se e nos seus olhos viu aflorar a culpabilidade por um instante, antes de a esconder atrás de um brilhante sorriso.

– Conner Macafee! – exclamou, com excessivo entusiasmo. – O homem que me queria ver.

– Nichole Reynolds – respondeu imitando-lhe a energia. – A mulher que não me lembro de ter convidado.

– Se estivesse à espera de receber um convite da tua parte, nunca teria tido a oportunidade de falar contigo pessoalmente.

– Isso é porque não dou entrevistas.

O seu pai fora político, e inclusive depois de abandonar a atividade, os seus negócios precisavam da imprensa, logo, os jornalistas tinham livre acesso à sua vida. Com quinze anos, Conner já fora fotografado e entrevistado por todas as revistas cor-de-rosa e detestava-o. Então jurou a si próprio que não permitiria que lhe acontecesse o mesmo em adulto.

E a coisa corria bastante bem, tendo em conta a sua vida social ativa e a fama de mulherengo; nunca dava entrevistas e raramente as objetivas dos paparazzi o captavam.

– Acho que estás a reagir assim por causa de alguém do passado – disse ela, assim que ficaram afastados das pessoas, e soltou-se do seu braço. – Prometo que será indolor.

– Talvez goste da dor – replicou Conner, sobretudo para não morder o anzol, mas também por às vezes ter a sensação de que sentir dor era o único modo de se lembrar que estava vivo.

– Responder-me-ias a umas quantas perguntas?

– Não.

– Estou disposta a fazer o que for preciso para conseguir esta entrevista, Conner.

A sua determinação espantou-o. Há muito que não via alguém tão decidido a obter algo dele.

– O que for preciso?

– Sim. Toda a gente sabe que consigo sempre contar a história que quero contar, e estás a fazer com que fique mal no trabalho.

– E isso não pode ser, pois não? – questionou ele, pondo-lhe, suave, as mãos nos ombros.

Era alta para mulher. Devia rondar um metro e setenta e seis. Ainda assim só lhe chegava à altura do peito e gostou da sensação de poder olhar para ela de cima.

– Sabes que não dou entrevistas.

– Mas isto é diferente. Agora tens um programa de televisão.

– Eu não. A minha empresa. É muito diferente.

– O teu pai não entendia as coisas do mesmo modo. Praticamente vivia nas páginas do Post.

– Eu não sou o meu pai. A minha resposta continua a ser não.

– Por favor... – insistiu ela, inclinando para trás a cabeça fazendo beicinho.

Tinha uma boca tão sensual que Conner desejou gemer alto, sentindo um ataque de luxúria.

– Poderia chegar a fazê-lo, mas o preço seria alto.

– Fixa-o tu.

Com dois dedos pegou numa madeixa do seu cabelo e enrolou-a no indicador; ela corou. Tinha a pele clara com sardas pouco nítidas. Desejava-a.

Mas Não podia estar com uma mulher em quem não confiava e cuja lealdade era sempre para o jornal. Mas também não a queria deixar ir embora sem lhe roubar pelo menos um beijo.

– Sê minha amante durante um mês, e responderei a todas as tuas perguntas.

Nichole fixou o olhar nos olhos mais azuis que alguma vez vira e tentou compreender o que acabava de ouvir. Não imaginara que um homem tão... conservador pudesse excitá-la tanto. Viviam em mundos diametralmente opostos, e sabia que estava a brincar com ela.

Estava acostumada a fazer o que fosse preciso para conseguir uma história, mas aquilo era... arriscado, e o problema era que desejava dizer que sim. Mas o seu sentido de ética empurrava-a a recuar, mesmo sabendo que a punha entre a espada e a parede de propósito.

– Um mês? Mas que tipo de segredos guardas? Só pensei perguntar sobre a Matchmakers, mas por esse preço, terias de me dar acesso até ao último recanto da tua pessoa.

Sabia que não estava disposto a negociar. Porque havia de estar? Tinha lido o que publicou a imprensa depois da morte do seu pai, os detalhes da outra família que Jed Macafee tinha mantido escondida, e as fotos de Conner e da sua irmã, Jane, a abandonarem o país no avião de um milionário grego, os dois com um ar de infinita tristeza quando antes era só sorrisos.

Conner jamais permitiria a entrevista. Desde o início sabia que seria um erro, mas decidira tentar. O seu pai dizia sempre que era preciso partir muitos ovos para fazer uma omolete.

– Não. Se aceitares, serei eu a especificar os parâmetros, e, se passares um só limite estabelecido, vais embora e não voltarás a incomodar-me.

– Se aceitar, fechamos um acordo interessante para os dois. Como te lembraste disto?

– Porque sei que me vais dizer que não – respondeu ele, com a confiança de um homem convencido de ter todas as cartas na mão. – Mas a verdade é que gostaria muito de te beijar.

– Um beijo, uma pergunta? – sugeriu Nichole.

Ele olhou para ela arqueando as sobrancelhas.

– E isso vai ser suficiente para ti?

– E para ti vai ser só um beijo? – contra-atacou ela. Era a primeira vez que sentia um desejo tão repentino por um homem. Pelo menos, um homem real, porque tinha de reconhecer que a primeira vez que viu Daniel Craig a fazer de James Bond sentiu um desejo imediato.

– Não – admitiu Conner.

– Está bem. Então, continuamos com uma pergunta, um beijo?

– Um beijo é tudo o que quero. Um pouco mais, e terás de aceitar ser a minha amante.

«Sua amante». Fascinante. Sempre desejara secretamente poder ser a Gigi e que o seu Louis Jourdan a olhasse e sentisse a flecha da paixão de imediato, mas seria capaz de fazer isso?

– Quero fazer uma série de entrevistas sobre a relação entre um homem e uma mulher, e como imperam na sociedade serviços como o da Matchmakers Inc. Não é nada pessoal.

– Não me perguntarias se alguma vez recorri a esses serviços?

– Bom, admito que faria alguma pergunta pessoal. Sou uma boa jornalista.

Morria de vontade de saber se a família secreta do seu pai era a razão pela qual ele continuava solteiro, e se conseguisse persuadi-lo a responder, poderia pôr o preço que quisesse à entrevista e vendê-la ao melhor comprador. Mas o preço a pagar era elevado. Os jornais compravam todo o tipo de entrevistas, mas pagar com o corpo... enfim, não lhe parecia bem. Saberia como persuadi-lo e fazê-lo acreditar que dormiria com ele, e alimentar a sua luxúria com beijos para conseguir o que queria dele?

Conner estava a pedir algo que nunca entregara a nenhum outro homem: controlo sobre o seu corpo. Mas oferecia em troca algo que nunca daria a outra mulher: acesso à sua vida privada.

– Já imaginava. Então, o que decides, Nichole? Queres vir comigo e ser a minha amante, ou peço a alguém da segurança que te acompanhe à porta?

Inclinou a cabeça, enquanto pensava sobre o assunto. Deveria dizer que não, isso era óbvio. O bom senso era o que pedia. Mas ser razoável não era a sua prioridade naquele momento.

Sentia muita curiosidade e virou-se para que a acompanhasse a sentar-se num banco rodeado de cercas, onde pudessem ter um pouco de intimidade.

Continuava a ter as mãos sobre os seus ombros, o calor que o seu corpo desprendia queimava-a, e o cheiro do seu perfume era mais do que tentador. Um beijo era o mínimo que podia desejar.

– Não posso decidir até que nos tenhamos beijado – disse.

– Porquê?

– Porque preciso de saber exatamente onde me estou a meter. A química sexual não é exata como a matemática.

Deslizou uma mão pelo seu braço e chegou à cintura, e aproximou-a dele, enquanto procurava a sua nuca. Estava ligeiramente desequilibrada e teve de se segurar a ele antes de o olhar nos olhos, tão azuis.

Ele baixou a cabeça muito devagar, sem parar de olhar para ela um instante, e ela humedeceu os lábios secos. Mas Conner não se apressou. Tinha umas pestanas grossas e pretas, tão pretas como o cabelo, lindas, ainda que, para dizer verdade, gostava de tudo nele.

Sentiu a sua respiração na boca pouco antes de a tocar com aqueles lábios húmidos, duros e perfeitos. A carícia das suas bocas foi leve, e deixou os seus lábios a tremer. Inclinou a cabeça e ela sentiu a ponta da sua língua a colar-se entre eles.

Esfregou a língua na dela e Nichole esqueceu-se de respirar, enquanto o medo iniciado nos lábios lhe descia pelo pescoço e chegava ao peito. No sítio onde queria que ele a tocasse gerava-se um fogo intenso, e apoiou-se ainda mais nele para saborear o interior da sua boca.

Conner afastou-se, mas não a largou. Sabia que o razoável era afastar-se dele, mas o seu corpo pedia-lhe o contrário, sentia os seios cheios e desejava poder esfregá-los contra o seu peito. Ele olhava-a fixamente e percebeu um brilho de indecisão nos seus olhos.

Isso bastou para confirmar que ele estava tão desorientado com aquela súbita acometida de desejo como ela. Beijou-a uma vez mais antes de se afastar.

– Bom. Chegou o momento da pergunta, não é?

– Sim. E isso já conta como pergunta.

Caramba... deveria ter imaginado que brincar com ele não era fácil e que ganhar não ia ser assim tão simples.

– Vamos falar. Não pensei que fosses tão batoteiro.

– Esta noite, não. Tenho de voltar para a festa.

De modo nenhum ia permitir que se esgueirasse, logo, pôs-lhe a mão no braço quando já se virava e, segurando a sua cara entre as mãos, beijou-o com todo o ardor.

Ele segurou-a pela cintura e fundiram-se num beijo descarado e apaixonado, sensual.

– Isto é um «sim» a seres minha amante? – perguntou com arrogância.

– Não tão depressa. Tenho uma pergunta a fazer e não me vais enganar como antes.

– Porque me queres fazer outra pergunta?

– Preciso de ter a certeza que a informação que me vais dar vale o preço que estou a pagar.

– Muito bem, pergunta.

– Porque és solteiro sendo dono de um serviço de procura de par maravilhoso?

– Porque prefiro assim.

– Isso é uma armadilha.

– Armadilha? Porquê?

– Porque isso não é resposta.

– É a única resposta que tenho. Bom, continuas interessada ou não?

– Talvez. Mas as tuas respostas terão de ser melhores.

– Sou eu que tenho as cartas todas.

– De certeza? – perguntou-lhe, porque sabia que a desejava. Aproximou-se de novo dele, mas não o beijou, aproximou o mais que pôde os seios e disse-lhe ao ouvido:

– Acho que tenho algo que tu queres.

Conner agarrou-a pela cintura para puxá-la e ela sentir a sua ereção. Nichole estremeceu.

– Trataremos dos detalhes amanhã de manhã – disse. – No meu escritório, às oito.

Ela assentiu, mas ele já se afastava, e a única coisa que conseguiu fazer foi vê-lo a ir embora. Não obstante, conseguira uma vitória, mais ou menos.

Já não havia razão para permanecer ali, de maneira que começou a andar para o seu carro. Sabia que corria um sério risco, mas decidiu aceitar; conseguiria a história e o homem.