© Editora Gato-Bravo 2017
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editor Marcel Lopes
coordenação editorial Paula Cajaty
revisão Inês Carreira
projeto gráfico Aron Balmas
imagem da capa Shutterstock
Título O coração estendido pela cidade
Autor Fernando Machado Silva
isbn 978-989-99934-2-6
1a edição: outubro, 2017
Depósito legal 432174/17
gato·bravo
rua de Xabregas 12, lote A, 276-289
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para ti/für dich
Sumário
mapa de um coração solitário: lisboa
praça olegário mariano
rua heróis de quionga
jardim constantino
graça
rua de santa apolónia à dos bacalhoeiros
cais do sodré
jardim da estrela
alameda cardeal cerejeira
praça josé fontana a sº bento via praça de espanha
arco do cego
avenida almirante reis
uma edificação da queda em sesimbra
mapa de um coração cativo: berlim
du kommst mit der nacht
abschied vom tabak
die andere penelope
grunewald und havel
zwischen hallesches tor und admiralbrücke oder kreuzberg im herzen
Erinnerung an den Beginn, während des Seins im der Wilmsstraße oder ein Kuss am Fenster
liebe im schatten eines olivenbaums
wieder im schatten eines olivenbaums
askese in der altenbrakerstrasse
durch st. thomas kirchhoff ii weg oder die luftwurzeln des herzens
der alptraum in der urbanstraße
an der jannowitzbrücke verloren
von der natur des tageslichts in der prühßstraße
die romanze in der weisestrasse
abschied vom sommer in zinnowitz
nota conclusiva
mapa
de um
coração
solitário:
lisboa
praça olegário mariano
as mãos tacteiam a geometria
da solidão as linhas da madeira
ainda nenhuma aranha te atou
em seus dois fios sinónimos
cobre-se de pó estrelas mortas
esta via de olhos percorrida
tão pouca casa e nela um dédalo
depões o rosto pela máscara
ariana cede-me o teu fio iça-me
à cesta do navio de espelhos
ou desce-me um pouco mais
até ser do teu horizonte o horizonte
rua heróis de quionga
conheço a língua dos algerozes
o seu murmurejar nos musgos
rumam de boca a boca um nome
pelas negras artérias reticulares
lança um barco de papel
recolhe o afogado
não olhes o azul do seu corpo repara
encontras-te onde a morte te esquece
jardim constantino
desterrados de língua e sexo
estes homens estas mulheres
fazem morada no jardim
que és suyo y de los niños
o tempo suspendido em bancos
de cartas batidas e futuro tinto
a estátua pensante vela-os
como o anjo da memória morta
a limitar uma imensa árvore
de raízes à flor da terra onde à vez
os corpos vertem os seus excessos
como se um segredo os sufocasse
tudo isto te aceita estranho
a ti e à tua sombra canina
porém para entrares
tens de perder a fala
graça
do monte agudo ao da graça
espera-te uma lisboa emudecida
das asas guardas o desejo
és um anjo caído demasiadas vezes
sentas-te no banco onde já tantos
souberam nada aguardar da vida
quando cá chegares do telhado
desta bebedeira ofereço-te o funâmbulo
gato passeando-se ao de lá da vista
um outro cais e a onda nele aportando
o coração a ser partido quando o amor